Com ajuda do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS) startup brasileira cria dispositivo para monitoramento de crianças com câncer

29 de julho de 2024 11:55

Por: Marcelo Andrade, Rose Campos


Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), todos os anos, 215 mil crianças (menores de 15 anos) e 89 mil adolescentes (entre 16 e 19 anos) em todo o mundo são diagnosticados com algum tipo de câncer. No Brasil, a enfermidade já representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Entretanto, nas últimas décadas, o progresso, tanto no diagnóstico quanto no tratamento da doença para essa faixa etária, evoluiu consideravelmente e a tecnologia é um dos motivos desse desenvolvimento. No âmbito tecnológico, dispositivos são desenvolvidos para ajudar a monitorar sinais vitais e compartilhar dados do paciente com o hospital, como o curativo adesivado disponibilizado pela Luckie Tech, uma startup sediada em São José dos Campos e que conta com a ajuda do Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), para o desenvolvimento dos componentes do produto.

O dispositivo criado monitora a temperatura e outros cinco sinais vitais. Semelhante a um curativo (do tipo band-aid), compartilha os dados a distância por um sistema interligado a um hospital, ou seja, o usuário pode ser monitorado da sua própria casa. O acessório tem o objetivo de solucionar o problema da falta de dados e de monitoramento do paciente e agilizar o atendimento. Atualmente, essas são as principais dificuldades encontradas por hospitais, planos de saúde e instituições governamentais para esses tratamentos.

O dispositivo, adesivado ao paciente, envia todas as informações para a nuvem da AWS, que as armazena de forma segura, agilizando assim o trabalho do hospital e o atendimento da criança. Além disso, caso aconteça algo com o paciente, o hospital consegue identificar exatamente o local do ocorrido e enviar socorro imediatamente.
Segundo Joel de Oliveira Jr., fundador da Luckie Tech, startup que utiliza o que há de mais avançado nessa área a fim de buscar a diminuição da taxa de mortalidade de crianças e adolescentes em tratamento contra o câncer, a falta de precisão de dados, a demora em buscar ajuda e a falta de monitoramento do paciente são os pontos de maior atenção na busca pela saúde. “Os óbitos, muitas vezes, ocorrem por fatores decorrentes da baixa imunidade, como gripe, e não pela doença em si. Daí a importância do monitoramento. Nós queríamos mudar esse cenário e vimos que a tecnologia poderia ser nossa grande aliada”, explica Joel.

Por isso, em 2019, o engenheiro começou a pesquisar e a idealizar um dispositivo capaz de ajudar no monitoramento de crianças com câncer. Além disso, Joel tem uma história pessoal diretamente relacionada ao tema. Há cerca de 10 anos, ele perdeu um filho de dois anos de idade com a doença, o que o motivou ainda mais na pesquisa, resultando no desenvolvimento do produto, ao lado dos sócios na Luckie Tech.

Toda a tecnologia já está pronta e teve ajuda de algumas empresas como Embraer, AWS, Compass Uol, PROA, Johnson&Johnson e o Parque Tecnológico de Sorocaba, por meio do Laboratório de Experimentações em Tecnologia 4.0 (LabX 4.0). Joel conta que o PTS tem sido fundamental, uma vez que o dispositivo é produzido pelo LabX 4.0, por meio de uma impressora 3D. E tudo de forma gratuita. “Nós procuramos em vários locais, mas aqui foi o local onde nós conseguimos avançar no desenvolvimento, com esse padrão de qualidade e, além disso, recebendo apoio para o nosso projeto. O diferencial, no Parque Tecnológico de Sorocaba, não foi apenas a tecnologia empregada, mas o carinho e o amor para o outro, em uma causa tão nobre. Aqui se faz tecnologia com propósito”, ele destaca.

Joel ressalta que desde julho do ano passado estão no Hospital de Amor, de Barretos, com uma POC (Prova de Conceito), mostrando aos médicos e enfermeiros como o sistema funciona e será disponibilizado para crianças e também para adultos. Ressalta ainda que a startup foi selecionada para representar o Brasil no WebSummit Lisboa, em Portugal, em novembro, durante o maior evento relacionado à tecnologia do mundo, e está na final de um evento relacionado à tecnologia na China, sendo a única startup focada no combate ao câncer e, em paralelo a isso, a certificação da Anvisa deverá ocorrer, segundo ele, antes do fim do ano.

 


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